Se procurarmos no Novo Testamento uma descrição do caráter exigido por Deus, não existem dúvidas de que "as bem-aventuranças" do sermão do monte cumprem este papel, mas a pergunta que fica ao lermos esta descrição é: "Como viver isto?". 

Pois bem, aqui vemos o que o pecado havia feito da Lei, pois o povo não entendeu que o que Jesus afirmou em cada descrição nada mais era que a exigência da Lei desde o princípio, mas por causa do pecado, aqueles que a procuravam cumprir, o faziam apenas pelo medo da sentença e não como desejo do coração, ou seja, a intenção da Lei sempre foi fazer com que o homem entendesse o propósito da existência, conhecer a Deus e obedecê-lo, mas o pecado fez da Lei um mero conjunto de regrinhas a serem cumpridas com fim de alcançar a aceitação homens. 

Assim, alguém podia não matar simplesmente porque havia uma sentença para quem praticava tal ato, mas nunca não desejar tal coisa por entender em si mesmo a gravidade de tal ato, isto é, é como se alguém dissesse "Eu lhe mataria agora mesmo, só não o faço porque sofrerei condenação!". O que a Lei sempre intentou quando anunciava "NÃO MATARÁS", não era que o homem não cometesse um homicídio por causa da pena para tal ato, mas sim que este desejo nunca tivesse lugar no coração humano por que esta é a vontade de Deus. 

Por isto, Jesus diz que não veio revogar a Lei, mas cumpri-la, ou seja, Jesus nunca cometeu um pecado contra a Lei, não porque tinha medo da sentença, mas porque nunca desejou algo contra sua própria natureza divina, assim, nunca feriu a vontade de Deus. 

Com o cumprimento perfeito de toda a Lei em Si, Jesus afirma que existe como os homens cumpri-la agora de maneira correta, isto é, em Cristo temos condições de desejar, observar e ensinar toda a vontade de Deus. Ninguém cumpre a lei por si mesmo, no maximo a observa, ou olhando para a gravidade das suas sentenças ou para a aceitação entre os homens que o seu cumprimento aparente promove. Por isto, Jesus encerra dizendo que a justiça do reino tem que exceder a justiça dos homens, significando dizer que a religião olha para Lei, não como a justiça perfeita de Deus, mas sim como uma maneira de, hipocritamente, produzir justiça própria e exigir de Deus uma premiação por isto. 

Portanto, entendamos que a GRAÇA manifestada em Cristo é o cumprimento perfeito da Lei, e ao ser estendida a nós nos atribuiu uma JUSTIÇA que nunca alcançaríamos por nós mesmos, assim, em Cristo podemos cumprir a Lei, não como medo ou como status religioso, mas como um profundo desejo de fazer a vontade justa daquele que nos criou e nos atraiu a Si mesmo em Cristo, Deus. 

Quem vive APENAS o EVANGELHO cumpre toda Lei em Cristo. 

Soli Deo Glória!

Com esta valorização em mente o autor pede que os leitores deem a mesma atenção a Jesus, ou seja, que olhem para Jesus da mesma forma que olham para Moisés, com concentração. Para isso ele usa uma palavra significativa para “considerar”, esta palavra não significa simplesmente olhar algo ou perceber alguma coisa, pois a pessoa pode olhar ou perceber algo sem ver realmente o que está sendo revelado, mas significa fixar atenção em algo ou em alguém de tal maneira que seu significado e a lição que ensina sejam assimilados. 

Quem olha para Moisés ou a lei nada mais vê do que a si mesmo, pois a lei mostra o pecado que há no homem, e por ser toda lei perfeita e todo o homem pecador assumi-la novamente é voltar a ser escravizado pelo pecado. Mas quem olha atentamente para Cristo, vê a graça e o favor de Deus, pois Jesus é a lei de Deus cumprida sem falhas. 

Este olhar atento chama-se FÉ, pois sem Fé em Cristo é impossível agradar Àquele que agradou-se em enviá-lo e sacrificá-lo para que a lei fosse cumprida. 

Viver APENAS EVANGELHO é crer de todo o coração em CRISTO e, assim, não trocar o tesouro chamado GRAÇA por nada obsoleto e desvalorizado. 

Soli Deo Glória!

Assim sendo, o apóstolo, neste texto, fala que mesmo sendo alvo da salvação revelada em Cristo percebe que ainda existe muito a fazer para alcançar uma perfeição final. 

O termo, PERFEITO, usado no versículo, tem uma aplicação um tanto difícil de explicar, e a prova disto, é que no versículo doze Paulo diz que ainda não é "perfeito", mas, no versículo quinze, ele diz: "todos os que somos aperfeiçoados", portanto, parece contradizer-se em um curto espaço de raciocínio. 

Esta palavra tem vários significados no idioma grego, mas a maioria gira em torno de certa adaptação a uma dada responsabilidade, ou seja, alguém que já está desenvolvido em algo em contra posição a alguém que ainda não está, ou ainda, de quem está capacitado em uma matéria em oposição a um mero aprendiz. 

William Barclay ainda nos apresenta outro significado: 

"Na época da Igreja primitiva se usava ordinariamente para descrever os mártires. Dizia-se que o mártir era aperfeiçoado pela espada, isto é, o dia de sua morte se chamava o dia do aperfeiçoamento". 

Portanto, Paulo afirma que, em comparação à riqueza do chamado à salvação feita em Cristo, ninguém pode achar que, enquanto neste plano terreno de existência, já alcançou um patamar que o faça presunçosamente confortável, assim, por mais conformados que estejamos à perfeição de Cristo nunca podemos desistir de perseguir Sua imagem. Não que alguém possa perder-se de Cristo depois de salvo por Ele, mas que, depois de salvo, a conduta natural do cristão é perseguir a conformidade com o seu Salvador e a garantia de que todo este esforço não será em vão é exatamente o fato de que o processo não consiste em mérito humano algum, mas no mérito daquele que chamou. 

De maneira que vivemos em Cristo hoje, de certa forma, o cumprimento daquilo que esperamos, pois a nossa esperança não consiste apenas em que alcançaremos o que esperamos, mas em que fomos, antes, alcançados por aquilo que esperamos, isto é, Cristo. Por isso não terminaremos frustrados, pois, em Cristo, fomos alcançados pela recompensa da nossa esperança, a ETERNIDADE. 

Assim a esperança de quem vive APENAS o EVANGELHO é conhecer apenas DEUS em CRISTO. 

Soli Deo Glória! 

Jesus, neste texto, declara aos doze um sentimento parecido com este, e a diferença está exatamente na amizade que Ele, como Senhor, estava oferecendo aos discípulos como servos. 

A palavra “amigo”, usada aqui, é um termo grego que tem um significado relevante no texto, sua tradução literal é "um amigo na corte" e descreve o "círculo mais íntimo" ao redor de um rei ou um governante. Em outro texto deste evangelho, quando João Batista afirma não ser o Cristo, esta palavra é usada para referir-se ao "padrinho de casamento", (João 3:29) significando dizer que os "amigos do rei" que desfrutavam de sua intimidade e que poderiam até conhecer seus segredos nunca deixavam de ser o que eram, isto é, continuavam seus súditos e deveriam obedecer às suas ordens.

Portanto, não existe aqui conflito algum entre ser amigo e ser servo de Jesus. 

Quem faz parte deste círculo intimo? 

Quem cumpre o mandamento, pois Jesus diz que seríamos seus amigos se fizéssemos o que ele manda. Não são muitos os mandamentos, mas é apenas um: amor (versículo12). De maneira que quem ama é amigo de Jesus e quem não ama, pode frequentar tudo e viver falando o seu nome o dia todo, ele não o conhece!

Jesus diz que a prova desta amizade é o conteúdo do que ele revelou enquanto esteve com eles, ou seja, Jesus revelou toda a vontade do Pai. Ao abrir o coração aos seus amados amigos, Jesus demonstrou que a vontade do Pai é amor e, isto, desde o princípio. 

Portanto, o fruto, neste texto, não é trazer o máximo possível de pessoas para a igreja, mas amar a todos sem distinção. É desfrutar da amizade de Cristo sabendo que isto só é possível se obedecermos ao mandamento, que é simplesmente amor. 

Assim, todos continuam seus servos e devem a Ele obediência. 

A amizade, que agora temos com ele, partiu unicamente da sua soberana vontade de revelar-se, e revelar o Pai a nós. 

Soli Deo Glória!

Algumas pessoas, em nome de que “igreja não é prédio”, não cultuam mais a Deus no prédio/templo. Acreditam que podem cultuar a Deus somente em casa, e/ou ainda, nos cultos transmitidos pela televisão e internet. Nestes cultos on-line, as pessoas oram, cantam, ouvem a palavra e, até mesmo, participam da Santa Ceia do Senhor. 

Jesus disse que não há lugar definido para adorar, mas a adoração deve ser feita em espírito e em verdade. Com este ensino em mãos, algumas pessoas preferem não ir ao prédio do templo para adorar, pois, todo lugar é lugar de adoração. 

Paulo disse que nós somos o templo do Espírito Santo e, com isso em mente, os templos do Espírito Santo não querem mais se reunir no prédio do templo. 

É claro que além desses conceitos bíblicos, é preferível não participar de uma igreja, porque na igreja há muita politicagem, corrupção, mau testemunho, falta de comunhão entre os irmãos, cobranças por parte da igreja, dízimos e ofertas, etc. 

Isto posto, é interessante notar que Pedro e João à hora da oração, subiam juntos ao templo/prédio. 

Mesmo sabendo que igreja não é prédio, eles se reuniam no prédio. 

Mesmo sabendo que poderiam orar em casa ou em qualquer lugar, eles oravam no prédio. 

Mesmo sabendo que eram templo do Espírito Santo, eles se reuniam no templo. 

Mesmo sabendo que dentro do templo havia divisões, eles subiam juntos, em comunhão, ao templo. 

Daí você pensa: Pedro e João eram judeus, e ainda estavam com os conceitos judaicos latentes em suas almas. Claro que eram judeus, mas eram homens livres em Cristo, e mesmo sendo livres sabiam que havia importância em ir ao templo adorar a Deus. 

Mesmo o apóstolo Paulo, que tinha o ministério destinado aos gentios, quando chegava a uma cidade para pregar, o primeiro lugar que ia era à sinagoga. 

Apesar de Igreja não ser lugar, mas, sim, gente. 

Gente boa de Deus se reúne “no lugar” para prestar culto a Deus. 

Apenas no Evangelho, que entendemos que Igreja não é prédio, mas se reúne no prédio.

Aqui o apóstolo, ainda denunciando o mau uso dos dons por parte dos coríntios, mais uma vez assegura que o amor é o melhor caminho para se exercer qualquer dom. 

“O amor jamais é vencido!”, diz ele. 

Isto é, quando Cristo se manifestar no final de tudo, e estabelecer o Reino de forma definitiva e visível, não serão mais necessárias profecias, pois toda a revelação estará, enfim, cumprida, não serão mais necessárias línguas, pois todo o mistério estará enfim revelado, e não será mais necessário qualquer tipo de comunicação espiritual sobre a verdade, pois a verdade estará estabelecida, mas o amor continuará tão vivo quanto vivo estará o Cristo. 

Ele reforça o argumento dizendo que, pelo fato todas as coisas ainda não terem chegado ao seu fim esclarecedor, e devido as nossas inclinações pelo pecado, ainda conhecemos Deus em parte e por isso em parte o proclamamos. 

Não que Cristo seja uma revelação parcial de Deus, mas o problema, como sempre, é a nossa condição pecaminosa que nos impede de assimilar a revelação de Deus (Cristo) completamente. 

Portanto, para Paulo, quando Cristo se manifestar, todos os dons, que são ferramentas dadas pelo próprio Espírito para o auxílio à assimilação e implantação do Evangelho na Igreja, serão extintos, pois não serão mais necessários diante do cumprimento de tudo. 

O que permanecerá na eternidade será aquilo que foi a linguagem dos céus desde a eternidade, o AMOR. 

Assim, não importa se você já profetizou a muitos, ou, nunca profetizou a ninguém, não importa se você fala muitas línguas, ou, nunca falou língua alguma, não importa se você é portador de muito conhecimento, ou, se seu conhecimento é raso, a eternidade será de quem viveu o EVANGELHO do amor DEUS em amor, pois a profecia do Filho foi o amor do Pai, a língua do Filho foi o amor do Pai, e o que foi dado a conhecer do Pai, revelou-se no amor do Filho. 

AME, pois quem ama vive APENAS EVANGELHO e, assim, permanece para sempre. 

Soli Deo Glória!

Felipe já havia evangelizado Samaria, povo rejeitado pelos judeus, e Pedro tinha ido confirmar as conversões samaritanas. Mas, Pedro ainda não tinha, por si mesmo, anunciado o Evangelho a nenhum gentio. A maioria dos judeus acreditava que Deus não tinha nada haver com os gentios, e mais, que os favores de Deus eram somente para os judeus. Algumas vezes até chegavam a dizer que não se devia ajudar uma mulher gentia dar a luz, porque isso seria simplesmente trazer outro gentio ao mundo. Pedro ainda tinha este conceito judaico exclusivista no coração, por isso, o anjo o manda chamar, ao invés, de mandar chamar Felipe. 

Enquanto os enviados de Cornélio estavam ainda a caminho de Jope, o plano divino colocou em curso seu segundo ato. Pedro, por volta do meio-dia, sobe até o terraço da casa de Simão, o curtidor, para orar e, depois disto, enquanto esperava o almoço, teve uma visão. Um lençol descia suspenso pelas suas quatro pontas, o peso para que este lençol descesse desta maneira, consistia em que envolto nele, havia todos os animais que a lei proibia aos judeus. 

Pedro, mais do que depressa, coloca sua religiosidade à frente da ordem divina, pois, como um religioso, nunca havia ingerido tal comida e, assim, nunca tinha quebrado esta regra da Lei. Mas, a resposta divina foi direta: “Não chames de profano o que Deus purificou”. Pedro ainda não tinha discernido a visão, quando a mesma voz o alertou a que fosse com os homens que o procuravam, e não duvidasse de nada. 

Pela primeira vez o Evangelho iria anunciar a GRAÇA eficaz aos não judeus, e mais, faria isto por meio de um apóstolo que ainda não estava completamente liberto da religião exclusivista. 

A religiosidade aceita os iguais enquanto iguais, e se relaciona com os iguais enquanto iguais, mas, a GRAÇA, se revela a quem quer, mesmo que estes não façam parte do circulo de pessoas que a religião quer ver salva, ou ainda, parte do círculo de pessoas que a religião quer que permaneçam perdidas. 

Portanto, neste sentido a GRAÇA é para todos, ou seja, para todos os que estão além do nosso conceito religioso de salvação, assim, a GRAÇA salva a quem quer salvar. 

Soli Deo Glória!