Ele afirma que quem recebe estes cidadãos do reino do céu como eles são estará recebendo o próprio Cristo, mas aqueles que tentarem perverter esta consciência humilde da fé que agora os habita, tentando-os a cometer o pecado de se exercer a preeminência sobre outros, não terão um final feliz. De modo que o conselho a estes é que se antecipem ao inevitável julgamento divino que virá sobre eles e que se joguem, com uma pedra de moinho amarrada ao pescoço, em alto mar.

O termo grego para "pedra de moinho" traduzido literalmente é "pedra movida por um jumento", isto é, um moinho usado para triturar trigo tinha como suas peças principais duas grandes pedras redondas, a pedra inferior fica imóvel, mas a superior, atrelada a um jumento, girava, portanto era uma pedra tão pesada que o que a movia era só uma força acima do normal. 

Fico pensando se esta advertência fosse levada a sério hoje, pois o que se vê são homens insistindo em perverter a fé humilde e modesta dos que estão começando a caminhada cristã, prestando um serviço de "desenvangelização" do Reino e, assim, instruindo todos a compartilharem do seu pecado de arrogância e prepotência. 

Mas quem crê APENAS no EVANGELHO cria a consciência que a medida do reino é a humildade ensinada e vivida por Jesus, de maneira que só cabem no reino os humildes, e estes humildes lá serão os maiores simplesmente porque, em fé, não se deixaram influenciar pelo mal da maioridade deste mundo. 

Soli Deo Glória!

Mas toda esta admiração logo se transforma em algo ruim, por uma razão no mínimo esquisita, mas, segundo o próprio Jesus, corriqueira na sua nação. Por mais que as palavras de Jesus fossem reveladoras e que seu poder fosse incontestável, existia um fato que o tornava "suspeito" e, assim, desacreditado entre os seus. 

As perguntas que fazem entre si mostram que não admitiam alguém que, nascera e crescera entre eles, pudesse aparecer e ensinar como ensinava e fazer milagres como fazia. O fato de estarem familiarizados demais com ele cegou-lhes o coração para quem Ele realmente era. 

A velocidade em que eles transitam da maravilha para o escândalo é impressionante. Com a mesma intensidade com que se impressionaram com os milagres, se escandalizaram com a verdade que estes sinais carregavam, isto é, Jesus era realmente o Cristo que havia de vir. 

O resultado disto é que a incredulidade deles fez com que Jesus não manifestasse mais seu poder. Não devemos pensar, equivocadamente, que não tinham fé no que Jesus podia fazer e por isto o Cristo ficou "impedido" de realizar milagres. 

Pois, além do fato de que Jesus é Deus e, assim, nada o podia impedir de fazer algo, como, também, alguém que esta vendo uma cura miraculosa diante dos seus olhos poderia negar que outra acontecesse em seguida? 

A incredulidade que fez com que Jesus não fizesse mais milagres era mais profunda. Ou seja, não criam que ele era o Cristo e assim não criam na verdade que os ensinos e os milagres revelavam. Portanto, Jesus decidiu não alimentar um conceito errado acerca de sua pessoa, pois não queriam um salvador, mas sim um curandeiro. 

A sutileza com que se pode passar da maravilha ao escândalo e tão perigosa quanto real nas igrejas de hoje. Os que voltam ao seu berço com alguma qualificação que antes não manifestavam ainda são recebidos com suspeitas. A maioria prefere ouvir e creditar alguém que cruza os mares, mesmo sem saber a sua procedência, ao ouvir aquele que cresceu entre eles e que agora demonstra uma vocação à pregação do Evangelho. 

A verdade do Evangelho anunciada pelo de casa possui menos valor que a mentira proferida na "autoridade espiritual" de um desconhecido. 

Mas, quem crê APENAS no EVANGELHO, sabe que todo e qualquer milagre genuíno sempre apontará para o Cristo, e que o único escândalo ao qual fomos atraídos é o da Cruz e o de sua pregação. 

Soli Deo Glória!

Jesus mostra que a fonte das acusações dos fariseus eram os seus próprios corações e os compara a uma árvore que gera frutos conforme sua natureza, isto é, boa ou má. Diante disso Jesus afirma que o responsável pela boca é o coração, pois ela só transmite o que lhe é mandado. Jesus afirma que o coração é a causa das palavras, por isto só um coração bom pode proferir coisas boas enquanto que um coração mau só profere coisas más. 

O fim de tudo isto, consiste em que Deus não julgará os homens mediante as suas palavras, mas sim mediante seus corações, pois, segundo Jesus, no dia do juízo as palavras só servirão de testemunhas, contra ou a favor, do coração que as pronunciou. 

A religião dos fariseus continua na ativa, isto é, as igrejas estão cheias de pessoas que tentam esconder um coração corrompido atrás de palavras cheias de boas intenções. 

HIPÓCRITAS! 

Pois só podem tirar do seu tesouro contaminado coisas contaminadas com o fim de contaminar a outros. 

Mas graças a Deus por Cristo Jesus que, APENAS pelo EVANGELHO, nos doou a cura para a fonte de nossas palavras, ou seja, a cura para o coração. 

Soli Deo Glória!

Aba, Pai, é muito mais do que paizinho, papai. Esta expressão segundo J. Jeremias* faz parte da ipsissima vox de Jesus, que é a característica da dicção de Jesus que não encontra analogia na literatura da época. Neste sentido, em nenhum texto do Antigo Testamento ou na literatura judaica, alguém se dirigiu a Deus como “Aba, Pai”. 

Aba, em sua origem é uma forma de balbucio de uma criança recém-desmamada e, também, uma forma dos filhos adultos chamarem o pai. Assim, para os homens da época de Jesus pareceria falta de respeito se dirigir a Deus como “Aba, Pai”. 

Mas, como Jesus veio revelar ao mundo o Pai, inaugurou este novo tipo de interpelação a Deus, balbuciando com dependência, confiança, obediência e respeito, como uma criança a seu Pai que estava nos céus. 

Na oração modelo, Jesus nos ensina a orar ao Pai nosso que está nos céus. (Mt 6.9)

Paulo diz que não recebemos o espírito de escravidão, para estarmos em temor, mas Deus enviou o Espírito de Seu Filho aos nossos corações e, agora, como filhos de Deus, pelo Espírito de adoção clamamos: Aba, Pai. (Rm 8.15; Gl 4.6) 

Portanto, como filhos de Deus, seguindo a voz do Filho de Deus, balbuciemos a Deus o que está em nosso coração, em oração sincera, dependente e confiante, sabendo que o Aba nos ouve e nos responde como um pai ao seu filho. 

Apenas no Evangelho, que o Eterno e Soberano é o nosso Aba, Pai.

* J. Jeremias, Teologia do Novo Testamento (São Paulo, Hagnos, 2008) p. 69

Pois se é Deus quem opera no pecador o desejo por Cristo e o preserva para que este tenha seu fim em Cristo, logo, Deus não tem motivos para “temer” a conclusão desta obra. Por isto, o apóstolo alerta para que o processo que compõe este plano divino, com início e fim garantidos, seja de maneira sincera e proveitosa. 

Ou seja, Deus em Cristo estabeleceu e concluiu o plano de salvação, e como nada pode mudar isso, não existem percalços neste caminho que desfaçam o objetivo final que é salvar, sendo assim, Deus não olha mais para o fim de nossas vidas em Cristo mais do que olha o processo que nos leva a este fim. Seu olhar divino e eterno está na intenção do coração que vive em meio a este processo, isto é, se tudo está sendo feito com sinceridade, integridade, fé, amor, sem queixas e discórdias. 

A igreja de hoje traça muitas metas e acha que com isso impressiona a Deus, pois, assim, se mostram cheias de objetivos, mas a minoria percebe que o problema não está nas metas e nos objetivos, pois se forem um propósito de Deus, suas conclusões estão garantidas. O que Deus avalia não é o inicio e muito menos o resultado final, pois isso só depende Dele, mas os olhos divinos investigam o processo, a motivação que conduz tudo. 

Assim a velha máxima de que “os fins justificam os meios” não cabe Àquele que contempla todo o processo sem nunca ausentar-se, pois para Deus APENAS o EVANGELHO pode justificar o fim que se almeja alcançar. 

Soli Deo Glória!

Isto posto, vemos aqui o apóstolo fazendo uma das coisas que mais o desagradava, isto é, ter que afirmar sua autoridade com tons de imposição, pois vê que a única solução para o problema dos coríntios era apresentar seus créditos, falar a respeito de si mesmo e comparar-se com aqueles que buscavam seduzir a Igreja. 

Esta igreja estava deslumbrada com homens a quem Paulo apelida de "super-apóstolos" (vers. 5). Homens que pregavam sua própria versão do evangelho e que insistiam em fazer os cristãos de Corinto acreditar que esta era superior a de Paulo. 

Jesus, em agonia, proclama e prediz a dor que estava prestes a sofrer, mas também recebe um alento dos céus, afirmando e confirmando sua condição de salvador dos homens, pois, no ápice desta dor, isto é, na própria Cruz, seria glorificado não só ao julgar e expulsar o príncipe deste mundo como também ao atrair todos a si. 

O povo de Israel sempre esperou o Messias ou o Cristo, mas esta esperança consistia em que ele viria e os faria reinar novamente sobre as nações, ou seja, esperavam a promessa do Cristo para que este, como um mero instrumento, apenas saciasse a sede de vingança do povo. Assim associá-lo a uma Cruz, que era um instrumento romano de morte, era totalmente inconcebível. 

Jesus mostra o quão equivocados eles estão e por isto os alerta a abrirem o entendimento enquanto a luz que ilumina todo o homem esta entre eles, isto é, a decisão acertada não consiste apenas em confiar a vida e todas as coisas a Jesus, mas também em tomar esta decisão a tempo. 

João então declara que para que cressem Jesus realizou muitos sinais, contudo eles não creram. Para o apostolo isto não era novidade entre seu povo, pois viu em Isaías, quando este vislumbrou a glória de Jesus, uma situação semelhante. Assim, para João, o que o profeta predisse era que o Cristo encontraria a mesma incredulidade entre os seus, mas que agora não haveria mais escapatória para estes. 

Contudo, João também revela outra face da incredulidade do seu povo. 

Ele diz que, entre as autoridades, havia alguns que deixavam transparecer fé em Jesus, mas que não tinham coragem de confessá-la por uma razão muito egocêntrica, ou seja, ser destituído de sua autoridade. Sabiam que qualquer um confessasse Jesus como o Cristo deixaria de aproveitar os privilégios de se exercer preeminência entre o povo. Na sua visão perderiam muito se o confessassem, por isso, em nome de uma causa menor, preferiram lutar contra o óbvio, pois, sabiam que Jesus era o Cristo. 

A incredulidade tem estas “duas caras”. Ou se revela como algo duro e implicante diante do anuncio do Evangelho, ou se mostra receptivo a sua mensagem, mas nunca se rende ao seu chamado. E isto, por amar mais o reconhecimento dos homens, que alimenta a sua autoafirmação, do que amar a glória de Deus que se revela no Filho para arrependimento e renúncia. 

No templo encontramos tanto os que vieram ouvir e ver, mas que deixam claro que vieram irredutíveis, quanto àqueles que contribuem, levantam as mãos e até oram, mas apenas porque não podem negar a informação de que Jesus é o Filho de Deus, todavia, é APENAS no EVANGELHO que encontramos aqueles que creem para a glória de Deus. 

Soli Deo Glória!

por Sandro VS

Então, ele mostra sem rodeios, a fonte de todo o problema: o desejo corrompido do homem. 

Ele afirma que, cada um cede às tentações quando seduzido pelo seu próprio desejo, ou seja, a tentação não é o pecado, mas é a passarela para que ele se apresente, pois a tentação seria impotente se no homem não houvesse nada mal. Tendo em mente uma gestação, ele diz que o pecado é como um filho dentro do homem, o desejo corrompido são as contrações indicando que este filho quer nascer, e nascido este filho, a tentação nada mais é do que alguém a espera, ansioso, para pegá-lo nos braços. 

De certa forma, dizer que a tentação ou provação é o pecado em si, é culpar Deus, pois, se ele prometeu libertar-nos e não nos protege de algo externo, alguma coisa está errada com sua maneira de nos ter salvado. Mas, é bem aqui que o erro se revela, pois o teste ou a tentação não é o pecado, mas são apenas o resultado da observação atenta de quem conhece os desejos do homem. Satanás e o inferno sabem do que nossa natureza corrompida gosta e, assim, apenas intensificam o desejo que temos pelo pecado. 

Portanto, APENAS no EVANGELHO, muito mais do que sermos protegidos do Diabo, temos, pela Graça, as condições de lutarmos contra nós mesmos, pois, como disse o apóstolo Paulo neste mesmo contexto: Graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor! (Romanos 7:25) 

Soli Deo Glória!